O Sábio e o Dedo Perdido: quando perder é ganhar

O chefe de uma poderosa tribo africana contava com a ajuda de um sábio conselheiro que costumava reagir com alegra diante de qualquer situação adversa.

Uma manhã, os dois saíram para caçar e o líder feriu um dos dedos do pé. O dedo sagrava tanto que teve de amputá-lo, tão logo retornou á tribo. Diante disso, o conselheiro exclamou:

— Muito bem, muito bem!

Indignado com essa atitude e dominado pela dor e pela fúria, o chefe expulsou-o da tribo.

— Muito bem, muito bem! – foi tudo o que disse o sábio.

Um mês depois, o líder saiu novamente para caçar, dessa vez sozinho. Porém, distanciou-se tanto que, quando percebeu, já havia anoitecido. Enquanto trilhava o caminho de volta, dois caçadores de uma tribo vizinha o capturaram. Queriam sacrificá-lo. Já em plenos preparativos para a cerimônia, viram que lhe faltava um dedo no pé. Como não podiam oferecer um ser imperfeito ao seu deus, libertaram-no.

O líder da tribo, finalmente, entendeu a reação do conselheiro. “ Que bom ter perdido o dedo, pois, de outro modo, estaria morto agora”, pensou, e a seguir ordenou que trouxessem o sábio de volta. Tão logo o viu, pediu-lhe perdão e agradeceu-lhe por ter aceitado voltar.

Mas restava-lhe ainda uma dúvida quanto à reação do conselheiro diante de sua expulsão da tribo.

— Quero saber por que aceitou tudo com boa vontade, até mesmo quando o destratei – disse ele.

O conselheiro, após escutar sobre o que havia ocorrido, refletiu:

— Tudo o que acontece conosco vem para o bem, mas, como não temos uma visão de todo o contexto, muitas vezes nos entristecemos ou nos irritamos diante de circunstâncias aparentemente desfavoráveis. Se eu não houvesse sido banido, teria ido caçar em sua companhia. E eu, sim, teria sido sacrificado.

Esta história serve para ilustrar nosso costume de reclamar das coisas que, aparentemente, não são boas em nosso trabalho. É comum reclamarmos por termos que executar normas padrão nos processos produtivos, ou utilizarmos um EPI, ou preenchermos um relatório, ou ainda por termos que executar uma tarefa de um jeito que não estamos acostumados.

Reclamamos por termos que “perder tempo” com estes procedimentos que, em nossa visão, são dispensáveis. Porém, mesmo que julguemos ser uma “perda de tempo” ou “uma burocracia inútil”, tudo isso serve basicamente para duas finalidades fundamentais: garantir a qualidade dos nossos produtos e serviços e – principalmente – garantir nossa segurança no trabalho.

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